Cabo Verde
Cultura musical: Funaná
A música é um meio de expressão que se manifesta naturalmente no ser humano. Em Cabo Verde a música é uma das maiores manifestações culturais. O seu povo, desde o início da sua história, sempre fez uso desse vínculo para expressar os seus sentimentos nas mais variadas realidades: na angústia e no dilema do “querer ficar e ter que partir”, nas conquistas à amada, através das belas serenatas ao luar, na revolta ao sistema colonial, o que de outra forma lhe era proibido, na labuta do dia a dia e, sobretudo, nas festas como forma de convivência.
Apraz-nos dizer que em Cabo Verde existem vários gêneros musicais que traduzem o ser, o sentir e o estar do homem cabo verdiano, entre os quais a morna, o batuque, a mazurca, a coladeira e o funaná.
É nossa intenção, em cada edição, fazer uma singela homenagem a essas manifestações, por isso hoje dedicamos este artigo ao funaná.
Em Cabo Verde a música resulta de elementos musicais europeus aos quais se sobrepõem elementos musicais africanos. O Funaná surgiu no início do século XX em Cabo Verde, mais concretamente, na ilha de Santiago, na República de Cabo Verde. Desde de sempre, qualquer que fosse a festa (um casamento, um baptizado, uma festa religiosa) é sempre ao som do funaná.
Caracteriza-se por ter um andamento variável, acelerado e um compasso binário, está intimamente associado ao acordeão, conhecido em Cabo Verde por gaita. Diz-se que a origem do termo "Funaná" vem de um homem que se chamava Funa e tocava gaita (acordeão) e de uma mulher chamada Naná que tocava ferrinho.
De acordo com os pesquisadores, numa pesquisa feita às pessoas mais velhas, em algumas localidades do interior de Santiago, o Funaná antigamente era chamado de 'badju di gaita'. O movimento mais lento era chamado de Samba (de acordo com uma demonstração feita por um senhor com cerca de setenta anos, o Funaná dançava-se como o Samba era dançado antigamente no Brasil). De Santiago, o Funaná viajou para as outras ilhas onde é muito apreciado. Dança-se aos pares com movimentos do quadril cadenciados, sensuais e vivos.
Para quem não conhece o funaná de raiz é fácil deixar-se enganar pelas novas abordagens. Não fugindo à regra das mutações, também a música vem ganhando nova “performance” de acordo com o ritmo do desenvolvimento do país e efeito da globalização. Ao Funaná de raíz foram introduzidos novos ritmos que satisfazem os mais variados gostos (Deka, originado do Senegal), (Hip-hop, dos Estados Unidos de América), (finason ou Konbersu Sabi, originado do interior da ilha de Santiago) e muitos outros mais.
Para encerrar este número, convidamos os leitores que ainda não tiveram a oportunidade de descobrir e deixar-se levar por este ritmo estonteante e frenético, a fazerem uma “viagem no tempo” ao som das magníficas interpretações de alguns dos mais conceituados e fazedores deste estilo musical. De Codê di Dona e Sema Lope, passando por Zeca di Nha Reinalda, Katchás, os Ferros Gaita até os mais recentes como Zé Espanhol, Binho, Nha Manazinha e Xibioti, entre outros mais.
Delicia-se!
Imagem extraída: http:www.google.com
Autoras:
Ângela Varela
Janira Gomes
E-mail: marcia.janira.gomes@hotmail.com
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